terça-feira, 30 de agosto de 2011

Manual prático para construir um país idiota




Cristovan Grazine

O que faria um Governo que quisesse nos dominar? Quais seriam as medidas que ele tomaria para nos tornar cada vez mais vulneráveis aos seus mandos e desmandos?
Qual seria a situação ideal para que um Governo corrupto desenvolvesse plenamente suas intenções exploradoras?


Neste vídeo estarão algumas primeiras medidas que esse “governo” bandido iria tomar “caso” alcançasse o poder. Lembrando que é uma situação meramente hipotética, sem nenhum pé na realidade, e qualquer semelhança com a vida real é fruto de mera de coincidência.

1 - Primeiramente, deve-se acabar com a educação de qualidade:
Esse é um passo importante, pois pessoas conscientes e bem educadas reclamam demais. Logo enfraquecer a estrutura educacional do país, tornando-a quase inexistente, a ponto dos alunos poderem se dedicar a libertinagem total, ateando fogo nas cortinas e agredindo seus professores – já seria um bom começo. Os educadores haverão de ser muito mal remunerados, e nada incentivados, para que não se corra o risco de um deles realmente querer formar alguns cidadãos de bem.
Garantir que professores e alunos não possuam material didático é de suma importância, lembrando que o Estado Idiotizador deve, sob todas as formas, coibir o bom aprendizado nas escolas.

2 – Dar oportunidades para poucos
Fato é que se muitas pessoas conseguirem ascensão social, altos salários e serem valorizadas por seus trabalhos, essas irão discordar de uma forma de governo voltada a idiotização. Logo o estado idiotizador haverá de se ocupar em garantir que somente algumas famílias e grupos possam ter acesso aos bens de consumo, ao poder, a mídia e etc.
Bons atos jamais haverão de ser reconhecidos! Ninguém será premiado por ser um bom médico, um bom advogado, um bom professor ou um bom trabalhador. Porém poderá se conseguir ascensão social, fama e dinheiro sendo jogador de futebol, dançarina do tchân e outras profissões mais, de “muito valor para o desenvolvimento da nação”.

3 – Criar uma mídia inútil
Tendo em vista que se muitas pessoas começarem a manifestar suas opiniões e críticas, isso ameaçaria o regime. Logo é necessário manter os veículos de comunicação nas mãos de poucas famílias, que o estado idiotizador possa controlar e ter acesso. Assim, nenhuma informação ou notícia indesejável teria espaço na mídia, e no lugar delas seria veiculado manchetes sobre futebol, culinária e fofocas sobre os famosos.
É muito importante rechear a programação da TV aberta com programas inúteis, com dançarinas semi nuas em roupas bregas, pessoas sorteando dinheiro, programas de humor sem graça, noticiários que não prezem pela informação – mas sim pela violência gratuita, programas de esporte que fiquem horas e horas discutindo os rumos da seleção, ou seja, qualquer programa que não estimule os telespectadores à pensarem. Deve-se evitar sob qualquer circunstância veicular programação que conscientize ou dê conhecimento à população, e caso o faça, que seja de madrugada, para que atinja o menor número de pessoas possível.

4 – Garantir que o sistema de saúde seja horrível
Para manter uma população sob controle, é indispensável que essa esteja com a saúde debilitada.
Enfim, o estado idiotizador deve fazer com que poucos tenham acesso a um tratamento de saúde adequado, de modo que a grande maioria – mesmo que seja para passar por uma consulta simples – deva ficar um enorme tempo das suas vidas em filas de espera. E caso o cidadão consiga de alguma forma marcar uma consulta, o tempo de espera é de no mínimo 3 meses.
Essa é uma ferramenta muito boa para controlar uma população, já que caso eles se revoltem muito, basta piorar ainda mais a qualidade do serviço, e logo eles mesmo morrerão – evitando problemas para o estado idiotizador.
Além dessas medidas é importante garantir os altos preços dos remédios. Caso um deles consiga por um acaso marcar uma consulta, sobreviva até ela, e de fato consiga ser atendido; os preços altos dos remédios garantirão que o cidadão não tenha acesso a um tratamento digno sob qualquer circunstância.

5 – Cobrar altos impostos...
Ah, os impostos!
Deve-se criar um sistema completamente injusto de arrecadação. De modo que o preço duma bicicleta, ou de qualquer mercadoria, seja metade somente de impostos. E em tudo será cobrado taxas e mais taxas...
O governo te cobrará para viver, para trabalhar, para comprar, para vender e inclusive para morrer!
E o cidadão jamais terá o retorno desse dinheiro. Na República da Idiotocracia os impostos não são para se promover melhorias na sociedade.

6 – Garantir a Impunidade
Num país plenamente imbecil, a justiça não é cega, e muito menos é para todos.
Caso alguém cometa um delito, mesmo que muito grave, irá para a cadeia (uma espécie de escola preparatória para o crime organizado) e voltará dentro de pouco tempo para as ruas, de modo a desempenhar suas atividades - de bandido - com uma maior aptidão que antes.
Isso auxilia o Estado Idiotizador, pois dissemina o medo entre as pessoas, que não terão coragem de sair das próprias casas. E dominadas por essa sensação de pânico, estarão mais suscetíveis à dominação imposta. Ficarão mais tempo à frente da televisão, e se tornarão cada vez mais alienadas.
Quanto àquelas pessoas que se aproveitam do povo, essas jamais deverão ser presas. Corrupção deve ser considerada algo comum, e jamais como motivo de prisão ou punição.

7 – Tudo tem que não funcionar
Tudo, absolutamente tudo, deverá funcionar mal. Se você for tirar um documento,um RG por exemplo, ele demorará muito para chegar. Os correios não enviarão as correspondências no prazo, os serviços públicos de água, esgoto e luz sempre estarão com problemas, as estradas deverão ser pessimamente cuidadas (mesmo com a cobrança de pedágios) – sem contar no IPVA caríssimo todo ano – ou seja todas funções da sociedade deveram falir!
Cabe ao Estado disseminar a falência geral pelo país, promovendo o mal funcionamento de tudo que existir nele. Os cidadãos devem se sentir sempre mal atendidos, e de nenhuma forma terem à quem recorrer.

8 – Promover o desemprego
Garantir empregos para a população não deve ser uma meta principal. Pessoas que trabalham, geralmente querem pensar e reivindicar direitos...Isso não faz bem à nação.

9 – Jamais investir em tecnologia
Esse país dos sonhos, terá que sempre sobreviver da exportação de produtos primários. Nosso papel global deverá ser de somente fornecer produtos brutos – soja, cana de açúcar, café, minério de ferro e carne. E a produção e exportação desses deverá se concentrar (assim como a mídia) nas mãos de poucas famílias e elites dominantes.
Investir em tecnologia, pesquisa & desenvolvimento e exportação de bens de produção com alto valor agregado, não deverá ser prioridade. Já que isso traria oportunidade para muitos cidadãos estudarem, produzirem e fazerem parte do desenvolvimento nacional.
Ressaltando, deve-se fazer desse país uma grande fazenda. Onde poucas famílias controlarão a produção, enquanto os outros deverão servir esse sistema através de sub-empregos e trabalho fabril.

10 – Empregar pessoas que dupliquem sua renda em poucos anos no governo!
A medida mais importante! Nós deveremos empregar nos governos pessoas que visem somente duplicarem suas rendas em poucos anos. Parasitando todo o sistema, e trabalhando sempre para si próprios, e nunca para o bem coletivo.
É importante que muitos ignorantes trabalhem na administração do país. Que muita gente despreparada assuma cargos importantes na esfera governamental.
Que elas se apropriem do que não é seu, que se corrompam, que aproveitem das pessoas, que roubem toda a população. Aí sim o povo já mal educado, doente e desempregado perderá a fé até em seus próprios representantes.
Tendo isso se consumado, podemos dar boas vindas à uma idiotocracia plena!

Tendo lido isso, você a partir deste momento, está preparado (a) para identificar alguma dessas ações, caso algum governo ou governante queira montar aqui no Brasil, ou em algum outro pais, o regime de idiotocracia plena. Mas isso numa hipótese muito distante, magina um negócio desses na "terra do berço explendido" né? Magina...

sábado, 27 de agosto de 2011

Fim de Noite: De repente, não mais que de repente...


Eu não existo sem você

Vinicius de Moraes

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, eu não existo sem você

INCLUSÃO

Imagine...


Roda Viva



Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

Chico Buarque

INSENSATEZ


Vinicius de Moraes
Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado

Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!


"Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo...
Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,
Já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida,
Já me arrependi por isso...
Já passei noites chorando até pegar no sono,
Já fui dormir tão feliz,
Ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...
Já acreditei em amores perfeitos,
Já descobri que eles não existem...
Já amei pessoas que me decepcionaram,
Já decepcionei pessoas que me amaram...
Já passei horas na frente do espelho
Tentando descobrir quem sou,
Já tive tanta certeza de mim,
Ao ponto de querer sumir...
Já menti e me arrependi depois,
Já falei a verdade
E também me arrependi...
Já fingi não dar importância a pessoas que amava,
Para mais tarde chorar quieto em meu canto...
Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
Já chorei de tanto rir...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
Já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
Já tive crises de riso quando não podia...
Já senti muita falta de alguém,
Mas nunca lhe disse...
Já gritei quando deveria calar,
Já calei quando deveria gritar...
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,
Outras vezes falei o que não pensava para magoar outros...
Já fingi ser o que não sou para agradar uns,
Já fingi ser o que não sou para desagradar outros...
Já contei piadas e mais piadas sem graça,
Apenas para ver um amigo mais feliz...
Já inventei histórias de final feliz
Para dar esperança a quem precisava...
Já sonhei demais,
Ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro,
Hoje no escuro "me acho... me agacho... fico ali"...
Já caí inúmeras vezes
Achando que não iria me reerguer,
Já me reergui inúmeras vezes
Achando que não cairia mais...
Já liguei para quem não queria
Apenas para não ligar para quem realmente queria...
Já corri atrás de um carro,
Por ele levar alguém que eu amava embora.
Já chamei pela mamãe no meio da noite
Fugindo de um pesadelo,
Mas ela não apareceu
E foi um pesadelo maior ainda...
Já chamei pessoas próximas de "amigo"
E descobri que não eram;
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada
E sempre foram e serão especiais para mim...
Não me dêem fórmulas certas,
Porque eu não espero acertar sempre...
Não me mostre o que esperam de mim,
Porque vou seguir meu coração!...
Não me façam ser o que eu não sou,
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente sou diferente!...
Não sei amar pela metade,
Não sei viver de mentiras,
Não sei voar com os pés no chão...
Sou sempre eu mesma,
Mas com certeza não serei a mesma para sempre."

“Gosto dos venenos mais lentos! Das bebidas mais fortes! Dos cafés mais amargos! E os delirios mais loucos. Você pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí, eu adoro voar!! Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza, não serei a mesma pra sempre".

Clarice Lispector

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SIGNO: ÁRIES


Áries (21 de março a 20 de abril)


Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então fica uma flor:
Cordata… e nada convencida.
Porque o seu denominador
É o amor.
Eu cá por mim não tenho nenhum preconceito racial:
Mas sou ariana!
[Vinícius de Moraes]

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

SE A PAZ NÃO COMEÇAR EM MIM


Monja Coen

Se a paz não começar em mim, não começará.
Se eu levantar a bandeira da paz em desafio, não será paz.
É preciso erguer as bandeiras brancas com o coração de harmonia, respeito, compaixão.
Se nosso estado é de rancor, de vingança, de demonstrar nossa força, não terá a força de transformar violência em paz ativa.
Vamos caminhar silenciosos e amorosos.
Vamos nos encontrar e nos cumprimentar na certeza de que todos compartilhamos da mesma casa comum.
É uma casa tão grande, de vidas tão diferentes. É como é. Este ser é inter ser e é transformação. Nada fixo. Podemos direcionar o caminho da mudança.
Vamos nos respeitar nas nossas diferenças. Sem exigir que nos tornemos iguais, que pensemos da mesma forma, que tenhamos a mesma religião e a mesma cultura.
Unidos estamos pelo ar, pelo céu, pela terra, pela vida e pela morte, pelo sonho, a utopia que se realiza quando corações e mentes se unem no Caminho da Verdade.
Vamos nos respeitar nas diferenças de cor de pele, de culturas, de gêneros, de alegrias, de tristezas, de curas e de doenças.
Caminhemos juntos, pois é inevitável.
Juntos estamos. Juntos somos no cosmos. Intersomos, numa rede fantástica de interconexões. Interdependência de instantes que jamais se repetem. Jamais.
Façamos deste o momento sagrado. Deste local o solo, o céu, o ar, as águas e a vida abençoada. Basta mudarmos só um pouquinho. Da ganância, da raiva e da ignorância criamos o compartilhar, o compreender, o saber superior iluminado da verdade.
Se tudo que começa termina, como terminará a época das guerras, das injustiças, das fomes, das doenças, das tristezas, das discriminações, dos excluídos, afastados, nefasta destruição da natureza?
Terminará com uma mudança de consciência do ser humano, com o desenvolvimento das capacidades de sentir o outro como o eu, o eu como o outro. Terminará quando retornarmos ao verdadeiro e resgatarmos a percepção de que somos um só corpo vivo e que da nossa cooperação amistosa, justa, todos poderão viver plena e dignamente.
Quantas mais pessoas descobrirem, e colocarem em prática, soluções de não violência ativa para conflitos, mais nos acercaremos da justiça social, do compartilhar da vida, da cura da Terra, da inclusão social, da preservação da natureza, do respeito à nossa casa comum, na celebração da vida.
Pouco a pouco, dando tempo ao tempo, vamos nos reunindo, na grande tenda global. Não da globalização licenciosa, que se aproveita para ludibriar, excluir e explorar. Não. A força global que nos une, a energia que perpassa tudo que existe, permeia o globo terrestre e universalmente a existência. Natureza-Buda.
Das forças a mais forte de todas. Energia vital. Amor universal.
Compaixão. Com - Paixão. Compartilhar a dor e o amor.
Apaixonados pelo bem das multidões de formas de vida e criações. Apaixonados pela ação interativa de unir e não de separar.
Sinto a dor da fome das crianças da África e das crianças das periferias das cidades grandes de todo o mundo.
Sinto a tristeza dos que sobrevivem aos ataques mortíferos de armas de guerra e de desunião entre os povos.
Sinto o desespero da mãe solapada com pedaços de seu filho no colo.
Sinto a angústia do soldado correndo, matando e morrendo, ao obedecer ordens. Sinto coragem, sossego e loucura através das drogas que me permitem continuar o combate.
Sinto o pesar das noites de insônia dos líderes tolos, perdidos em somas, em números e cores, incapazes de abrir seus corações amorosos.
Sinto a desesperança dos que são maltratados em longas filas hospitalares, quando lhes permitem entrar em fila, quando já não chegam mutilados de corpo e mente nos hospitais lotados e atarefados.
Sinto o cansaço e o temor das impossibilidades de mudança.
Sinto a tristeza e o rancor. Sinto a violência se desencadeando em meu peito que é o seu. Sem conseguir refreá-la me entrego a facas e balas. Se não morrer no asfalto, na terra, boca cheia de formigas, morro nas prisões do mundo, atado pelos desejos insaciados, que não são apenas meus.
Sinto a dificuldade dos juízes em dar o parecer justo e o desespero do inocente que é culpado de ser pobre, de ser gente que não tem quem o defende.
Sinto todas as dores e me comovo de pronto Movendo junto a dor.
Mas também:
Sinto o prazer dos frutos adocicados nas bocas das crianças saudáveis do mundo.
Sinto a alegria do fim das guerras e da união dos povos.
Sinto a esperança da mãe na cura de doenças terminais.
Sinto a força de vontade dos jovens vencendo a dependência às drogas e se negando a matar
Sinto o sono tranqüilo de líderes corretos, cuidando das pessoas e de seu bem estar.
Sinto a eficácia de sistemas de saúde pública e particular, onde o mais importante é a vida.
Sinto a grande esperança nas possibilidades de mudança.
Sinto a ternura de um gesto, um olhar de compreensão nas alegrias de desarmar-se e manter as mãos abertas.
Sinto o prazer em aprender. Aprendo a ficar satisfeita.
Sinto a justiça dos seres corretos, onde o culpado não é apedrejado nem morto, mas posto a convívio que purifica, que arrepende e que modifica para o bem.
Sinto o contentamento de ser, intersendo.
Sinto da vida todas as alegrias e com os rios fluindo, fluo e me rio.
Não há um inimigo. Não se iludam, não há.
Nenhum país.
Nenhuma pessoa.
Seria tão fácil, tão simples dizer foi ela, foi ele.
Tão cômodo poder apontar para fora e gritar: assassino, corrupto, ladrão..
Escapando das suas responsabilidades de habitante grupal.
Não se iluda dizendo ser bom e o outro mau.
Perceba que somos o bem e o mal; a luz e a sombra em todo seu potencial.
Fazemos escolhas. Mas estas dependem de tudo com que nos alimentaram, tudo com que nos capacitaram e nós mesmos nos capacitamos. Até nisso, veja bem, somos todos responsáveis.
Se o Presidente Bush ameaça e se prepara para um ataque fatal, apoiado por mais de 60% das pessoas de sua terra natal é porque não lhe ensinaram soluções de paz ativa. Qual foi a educação que teve, que soluções lhe ensinaram? Quem o assessora agora? Por que e como o elegeram? Tudo isso tem a ver. Nada está isolado. Ao invés de o odiar, de ao seu país querer mal, precisamos é nos unir no pensamento e na ação de amar e compreender, de vivenciar a compaixão.
Isto não quer dizer que não devemos fazer nada. Muito pelo contrário. Só que a mudança que falo, mas poderosa que guerras, que revoluções internas e externas é a mudança do coração.
Quando percebi do que é capaz, um ser humano que compreende e se transforma em agente da paz, pensei que era revolucionário demais.
Agora sigo o caminho e sempre me perguntando: como é que posso fazer para conduzir o maior número de seres à Iluminação, à Verdade e á Vida em comunidade?
Está na hora do despertar da humanidade.
Bom dia!
Que haja discernimento correto na opção da vida.
Que conheçamos os três venenos temíveis a serem evitados: a ganância, a raiva e a ignorância, nos seus disfarces mais variados.
A maioria de nós demora a perceber o próprio envenenamento.
Devem ser apiedadas, orientadas e não apedrejadas.
Não queimem bandeiras.
Não joguem pedras.
Não gritem insultos.
Não condenem pessoas, mas situações.
Podemos juntos transformar a maneira de ser dos habitantes da Terra.
Com isso modificaremos o habitat.
Faremos daqui o local, não da espera, mas do chegar.
Onde se fica bem.
Onde a vida cuida com cuidado uns dos outros.
No afago ao recém nascido
A benção da esperança.
Tudo será diferente,
Pois tudo que queremos aqui mesmo se alcança.
Oremos e meditemos, junto a muito trabalho,
Construindo e aprendendo uma nova maneira de ser.
Um outro mundo possível onde a cultura é da paz..
Aprendendo a cada instante
A ser mais livre e melhor.
Não aquela liberdade anárquica e saltitante
Que não considera o todo e pensa só na sua estante.
Como livros bem guardados e amarelados, comidos por traça e cupim.
Nossos pensamentos lacrados se fecham.
Congelados, desgastados, poluídos, maculados.
Sem se manifestar
A verdade mais profunda fica esquecida, deixada.
O falso vai num crescendo
Crescendo.
Seu som engolfa o mundo.
Todos pensam que é o fim, que tudo está tão errado, que não se pode mudar.
Errado. Pausa.
Volte seu olhar para dentro.Examine com cuidado. Perceba o elo sagrado.
Seja ele com Senhor Buda, Ramsés. Íris, Profeta Mohamed, Jesus, Deus, Orixás, divindades, espíritos encarnados e desencarnados.
Este elo nos une e não nos separa.
Há quem diga que as religiões criam guerras.
Se forem verdadeiras não as criarão. Ao contrário, criarão soluções de não violência e respeito, de amor ao que é de direito.
Vamos nos unir criando com nossas vidas uma rede de bem. Que cubra toda a terra.
Vamos criar essa teia de percepção verdadeira. Relembrar.
Relembrar o verdadeiro.
Estamos todos ligados. Interconectados.
Corpo e mente não são dois.
Imagem, reflexo e semelhança.
Vista a camisa da Cultura de Paz.
Substitua Guevara por Gandhi.
Re aprenda a querer bem, a mudar, sem ter de matar ou morrer.

Monja Coen é missionária da Religião Budista Soto Zen do Japão para o Brasil, Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, com sede em São Paulo, Brasil, membro do Círculo de Cooperação de São Paulo da United Religions Initiative - URI e membro Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A IDADE E A MUDANÇA

LYA LUFT - MUDAR É FUNDAMENTAL

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo .
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no Espelho...

Lya Luft

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

RECORDANDO CÁSSIA ELLER...


Essa é digna de destaque!
Prision Blues - Cássia Eller - Circo Voador 1990 - com participação especial de Victor Biglione tocando sua guitarra e Peninha nas percussões.
Show de bola!

PENSAMENTO DO DIA...


Caripi - Barcarena - Pará

"Qualquer caminho é apenas um caminho, e não há ofensa para si ou para outro em abandoná-lo se é isto que o seu coração diz a você...
Olhe para cada caminho bem de perto, estudando-o cuidadosamente.
Experimente-o quantas vezes achar necessário.
Então pergunte a você mesmo, e somente a você mesmo uma questão: "Esse caminho tem um coração? Se ele tem, é um bom caminho; se não tem, é inútil".
D. Juan, "brujo" Yaqui

sábado, 6 de agosto de 2011

NOVO AMOR


A gente ri, a gente chora e joga fora o que passou.
A gente ri, a gente chora e comemora o novo amor...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA

”Quem não te procura, não sente sua falta. Quem não sente sua falta, não te ama. O destino determina quem entra na sua vida, mas você decide quem fica nela. A verdade dói só uma vez. Há três coisas na vida que nunca mais voltam: as palavras, o tempo, e as oportunidades. Então, valorize quem valoriza você e não trate como prioridade a quem te trata como opção". (Roberta Macena)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O POEMA ABERTO E NU


O POEMA ABERTO E NU

Estar no mundo é ter a experiência de uma participação e ao mesmo tempo de uma separação irredutível. A distância que o homem sente em relação ao mundo tem uma correspondência na linguagem que é constituída por significantes em que o objeto ou o referente só está presente através da distância da palavra em relação ...ao objeto. Por isso se pode dizer que a presença do referente na palavra é a presença da ausência. É nesta distância que o poeta cria e constitui o poema que, no seu modo de ser, não representa nem traduz, porque o poema é o fruto de uma imaginação radical que segue mais as impulsões do inconsciente do que as determinações da razão e da consciência. Por isso a poesia é indeterminável. Contra o mito da totalidade racional e contra as determinações da sociedade, a poesia erige-se fiel ao mito da integridade do ser, ou seja, da união do divino e do terrestre, segundo a tradição das sociedades primitivas e da civilização grega, por exemplo. É assim que a separação ontológica do homem pode coincidir, em certos momentos, com a unidade primeira que o ser humano conhecer nos seus primórdios. E se formos mais longe, poderemos dizer até que o poeta reatualiza por vezes a unidade da matéria inorgânica a que todo o ser vivo tende a regressar, segundo Freud. É por esta razão que o poema é originário e irredutível na sua indeterminação. As energias que o promovem diferenciam-no de todo e qualquer modelo estabelecido pela representação social ou pela racionalidade da consciência. Vemos assim que a poesia é a abertura nua que não se pode delimitar, a intimidade mais pura e mais selvagem de algo que não podemos traduzir ou determinar segundo os esquemas da compreensão racionalizante. Todavia, o poema não é um enigma. Ele é evidente na sua obscuridade ou na sua claridade ofuscante. O poema é uma manifestação da origem ou, por outras palavras, da Vida absoluta, e por isso mesmo é um mistério real. O leitor, tal como o poeta, é um cego que não tem outra luz além daquela que o poema projeta sobre si.

António Ramos Rosa,
em A Parede Azul
(Estudos sobre poesia e artes plásticas)